Brasileiro é o grande campeão da competição mais importante de balé do mundo, na Suíça
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O Brasil ficou em primeiro lugar no Prix de Lausanne, a mais importante competição internacional que acontece todo ano na Suíça. João Pedro dos Santos Silva, de 15 anos, foi o grande vencedor do prêmio apelidado de “Oscar do balé", e levou para casa também o Prêmio de Melhor do Público.
Valéria Maniero, de Lausanne (na Suíça) para a RFI Brasil
JP, como é conhecido, é aluno do Teatro Escola Basileu França, instituição que fica em Goiânia e todo ano faz bonito na competição. “Eu estou muito feliz. É uma bolsa que cobre os meus estudos em uma escola internacional que eu vou escolher. Eles vão me ajudar”, contou o adolescente.
“Eu amei dançar naquele palco maravilhoso, com aquele público", disse à RFI. "As variações que eu dancei foram uma clássica e uma de contemporâneo. Estar naquele palco é uma sensação que eu não consigo nem explicar em palavras. Foi realmente muito incrível”, contou.
Dever cumpridoPerguntado sobre como é ficar em primeiro lugar na maior competição de balé do mundo, o bailarino respondeu: "foi uma sensação de dever cumprido, de que todo o trabalho que a gente fez no Brasil valeu a pena". Para ele, o prêmio significa a oportunidade de seguir carreira na dança, “de continuar seguindo o sonho e cada vez mais ver que ele está sendo realizado”.
“Está chegando perto de eu conseguir ser o primeiro bailarino de uma companhia algum dia”, planeja.
JP conta que assiste a filmes, documentários e vídeos de balé desde a infância, e a primeira vez em que entrou em uma escola de dança foi "na tia Renata", em Matão, interior de São Paulo. Ele tinha 11 anos.
O menino logo teve a oportunidade de participar de competições. Em São Paulo, conheceu as professoras Simone Malta e Andreia Delgado. "Elas me ajudaram a ir para o Basileu junto com a Renata”, explicou.
Quando foi para Goiânia, acelerou o ritmo das aulas e ensaios. “Então eu tive a oportunidade de vir para o Prix de Lausanne. Vim, com muito esforço, muito trabalho, e hoje estou aqui”, disse.
Brasileiros costumam ter destaqueQuase todos os anos, desde 2013, Simone Malta vai a Lausanne acompanhando os alunos selecionados pela premiação – são 80 bailarinos escolhidos a dedo. Nesse ano não foi diferente – e o Brasil, mais uma vez, teve destaque na competição.
“Estamos sempre aqui representando o país, sempre com finalistas, com bolsistas. Este ano, foi um pouco diferente, muito intenso, porque a gente veio com quatro alunos da escola, em três categorias diferentes", conta. "Foi um sufoco, uma correria tremenda.”
A diretora do Basileu França contou sobre a rotina de ensaios do bailarino para a competição internacional. João Pedro treinava pilates, balé clássico e contemporâneo, de seis a oito horas por dia, inclusive aos sábados. "E depois tinham os ensaios, tanto da variação clássica quanto da contemporânea. A folga que a gente dava era só no domingo."
Além de professora de balé, Simone relata que também acabou exercendo um pouco o papel de mãe do bailarino, já que no início da sua formação, o garoto morou na casa dela em Goiânia, aos 11 anos. “A família assinou toda uma papelada, documentação. E acaba que, uma hora ou outra, sempre vira uma relação meio que de mãe-protetora-professora”, diz a professora, ressaltando que os pais de JP apoiam bastante a carreira dele.
“Isso é uma oportunidade muito grande pra ele. Ele tem de agradecer, por mais difícil que a vida seja", complementa Simone, ela própria mãe de Carol, também professora de balé. "Esse prêmio nos dá a certeza de que ele terá todas as oportunidades de seguir o próximo passo e que será uma linda carreira com todo apoio, assistência. A escola que ele for escolher fará um bom trabalho e a diferença nesse momento tão importante da carreira e da vida dele”, afirmou.
Entre os nove vencedores que ganharam bolsas de estudo nas principais academias de dança do mundo, João Pedro conquistou a bolsa Jeune Espoir ("Jovem Revelação"). As finais foram realizadas no fim de semana passado.