Robôs inteligentes chegam ao mercado para ajudar idosos em casa e pacientes nos hospitais
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A era dos chamados robôs de serviço está apenas no início, mas em plena expansão: com o desenvolvimento acelerado da Inteligência Artificial, a estimativa é de que esse mercado atinja cerca de US$ 40 bilhões até 2028. A demanda cresce em vários setores, incluindo o da saúde. Na França e outros países, falta mão de obra nos hospitais e estabelecimentos que atendem idosos.
Taíssa Stivanin, da RFI
Jason Poiblaud é diretor técnico da AI Robotics, uma empresa francesa situada em Marselha, no sul do país, onde trabalham cerca de 30 pessoas, a maior parte engenheiros especializados em diferentes áreas da Inteligência Artificial.
Há cerca de três anos, ela fabrica dois robôs inteligentes: Robby e Stellar. Eles foram criados para assessorar os profissionais da saúde em hospitais e casas de repouso para idosos e também ajudar aqueles que buscam viver por mais tempo sozinhos em casa, com mais autonomia.
Robby deve estar disponível no mercado até o final do ano e atualmente está sendo testado em uma clínica particular de Toulouse, no sul da França, onde os profissionais estão sendo treinados para utilizá-lo.
“Constatamos a falta de mão de obra no meio hospitalar e decidimos desenvolver um robô chamado Robby, concebido não para substituir as enfermeiras ou outros profissionais, mas para assessorá-los”, explicou Jason Poiblaud à RFI Brasil.
O robô é dotado de um sistema de Inteligência Artificial e de navegação autônoma, com o mapa do hospital. Isso faz com que ele seja capaz de se movimentar dentro de um estabelecimento e cumprir sozinho as missões para as quais ele foi programado. Entre elas, a entrega automatica de refeições e de medicamentos, graças a dois compartimentos refrigerados. O robô garante que os remédios sejam administrados no horário correto e monitora as interações medicamentosas, evitando erros médicos.
Robby também tem uma interface que permite se conectar ao serviço de gestão do hospital e alerta, por exemplo, se está faltando algum material no quarto. “Também criamos para esse robô um sistema que o torna capaz de se conectar a uma maca, ou uma cama, e transportar os pacientes de um setor para o outro", descreve o executivo francês.
"Com esse sistema, ele também pode se conectar diretamente ao elevador. Por exemplo, podemos enviar um pedido diretamente para ele transportar um paciente do quarto 203 para o serviço de radiologia. O robô será capaz de ir até o quarto, se conectar à cama, e transportá-lo”, diz.
Robô domésticoRobby tem um “irmão”, chamado Stellar, direcionado para outro público. Trata-se de um robô doméstico que tem funções parecidas, mas está sendo adaptado para ajudar pessoas idosas a viverem mais tempo e com autonomia em casa, evitando ao máximo a internação em clínicas para idosos.
Stellar se parece com um humanóide e ajudará, por exemplo, os pacientes a seguirem à risca a receita médica - o que se torna um problema com o declínio das funções cognitivas. Ele também ajudará o idoso a manter o contato com a família. Stellar poderá chegar às prateleiras no início de 2025. Para isso, ele ainda depende de ajustes que envolvem normas de segurança.
“E um robô doméstico que poderá medir parâmetros médicos como pressão arterial, batimentos cardíacos, e ajudar uma pessoa se ela caiu, por exemplo. Ele será capaz de ligar para os bombeiros ou para a polícia e se conectar aos sistemas das futuras casas inteligentes, gerenciando as persianas e a entrada de luz no ambiente.”
O executivo francês esteve em janeiro deste ano no CES, o maior evento de tecnologia do mundo, e pôde constatar o crescimento do mercado de robôs criados com as novas ferramentas de Inteligência Artificial. Mas, segundo ele, poucos são direcionados para o setor da saúde.
“Existem robôs cirurgiões, ou que limpam os hospitais, mas não há um progresso real no desenvolvimento de robôs assistentes”, observa.
A empresa francesa busca agora expandir seus negócios nos EUA e na América Central. “Nosso objetivo no CES era posicionar a França no mercado internacional da robótica”. Um outro objetivo é desenvolver a Inteligência Artificial preditiva. O algoritmo que será patenteado em breve permitirá ter um diálogo mais humano com o robô.
“O robô vai se lembrar que trabalha com o senhor Dunant, de 90 anos, que tem o hábito de ir na sacada entre 10h e 11h para tomar seu café. Estocará esse dado e, poderá, por exemplo, oferecer ajuda para preparar o café ou abrir a janela. São pequenos detalhes que serão levados em conta pela Inteligência Artificial e considerados pelo algoritmo, e que permitirão ter uma relação mais humana no dialogo com o robô”, diz o executivo.