Jovem artista visual brasileira Clara Moreira faz 1ª mostra individual na França
Podcast
About this episode
“Para um corpo voar” é a primeira exposição individual da artista visual brasileira Clara Moreira em Paris. A mostra, em cartaz na galeria Salon H, é resultado de uma residência artística de mais de um mês da jovem desenhista pernambucana na capital francesa.
Clara Moreira é uma expoente da cena artística contemporânea brasileira. Os trabalhos da desenhista, que reproduz o próprio corpo em sua obra, integram coleções públicas de vários museus e instituições. Desde 2019, ela participou de muitas exposições coletivas no Brasil. A mostra “Para um corpo voar” é a sua quarta mostra individual e a primeira no exterior.
Grande parte dos desenhos expostos são inéditos e foram realizados especialmente para essa exposição parisiense, durante a residência artística na capital francesa. “É uma oportunidade incrível para mim, como artista, de colocar o meu trabalho em deslocamento dessa forma”, afirma.
A artista estava curiosa para ver a reação do público parisiense diante de seus desenhos. “Paris é um lugar com uma cultura muito diferente do Brasil. Mas eu acho que, em comum, a gente tem uma relação muito emocional com as coisas. Acho que o coração fala muito forte (...) e meu trabalho com desenho procura o diálogo nesse lugar da emoção. Eu percebi que as pessoas estavam sentindo isso. Foi bem forte, foi muito bom”, conta.
Cultura popularClara Moreira nunca fez escola de Belas Artes. Ela aprendeu a desenhar dentro de casa, herdou sua técnica do pai e de outros artistas populares de sua família, no subúrbio do Recife. “Eu desenho dessa forma desde criança, nesse ambiente familiar, no meio de artistas populares e de pessoas que nunca foram para uma escola de arte. Eu sinto que é uma travessia geracional até que eu hoje possa estar exercendo a profissão de artista”, diz.
Ela desenha sempre à mão, em grandes formatos, e usando elementos que remetem à cultura popular, como a fita de cetim. A jovem artista define seu trabalho como um diálogo poético e artesania do corpo. “Eu me reconheço não só com essa técnica, mas também com essa vontade de construir um segredo, um poema dentro do desenho”, explica.
Ao usar o próprio corpo como meio de expressão, Clara Moreira integra uma geração de artistas, principalmente mulheres. “É como se fosse uma tomada da narrativa artística. (...) Por muito tempo, eram os outros que desenhavam as mulheres e nesse processo de observação alheia dos nossos corpos, muito sobre os nossos corpos nos foi roubado. Eu escolho colocar o meu corpo da forma como eu quiser. Eu sou a musa de mim (mesma)”. Para a desenhista, essa é uma tendência da cena artística contemporânea.
A exposição “Para o corpo voar”, de Clara Moreira, fica em cartaz na galeria Salon H até o dia 26 de março.