Arena Adidas para os Jogos Olímpicos transforma um dos bairros mais pobres de Paris
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A população de Porte de la Chapelle, um dos bairros mais pobres da capital francesa, já sente a diferença nas ruas, após a construção da Arena Adidas para os Jogos Olímpicos Paris 2024. O novo complexo esportivo será inaugurado neste domingo (11) com um jogo do time Paris Basquete contra e equipe de Saint-Quentin, válido pela 23ª rodada do campeonato francês, e atividades para a comunidade.
"É muito bom, foi rápido. Eles tiraram todos os mendigos que ficavam aqui, arrumaram e limparam tudo. Estamos contentes", diz Charlotte, uma dona de casa residente na área.
A RFI também conversou com um grupo de estudantes entusiasmados com a abertura do novo estádio. "É muito bom, organizaram o bairro. Vai desenvolver a região, vai mudar tudo", afirmou um deles. "Vamos poder fazer esporte quando quisermos, haverá mais segurança, vamos receber os Jogos Olímpicos", destacou outro jovem. "Estamos orgulhosos", concluíram os amigos.
A Arena Porte de la Chapelle foi a única obra construída dentro da capital francesa para os Jogos Olímpicos Paris 2024. Os demais espaços de competição já existiam e foram apenas reformados. O local receberá as provas de ginástica rítmica, badminton, parabadminton e halterofilismo paralímpico.
O projeto saiu do papel em menos de quatro anos. As autoridades esportivas e municipais pensaram no legado que deixariam para a comunidade, que poderá usar o estádio depois dos Jogos. Faltava nessa área da zona norte de Paris um novo centro esportivo e cultural, diz a prefeitura.
"A sala principal, com 8 mil lugares, poderá acolher eventos esportivos. Haverá um clube residente, o Paris Basquete, que poderá fazer todos os seus jogos aqui. Mas é também uma sala para receber outros eventos esportivos", explica Pierre Rabadan, encarregado de Esporte, Jogos Olímpicos e Paralímpicos na prefeitura de Paris. "Haverá muitos concertos e eventos culturais, uma sala que tem todas as últimas inovações e normas em vigor, e que é inovadora em muitos aspectos, como a confecção dos assentos em plástico reciclável, a acessibilidade para diferentes tipos de deficiência, o que se faz de melhor hoje em termos de construção", completa.
Projeto ecológicoLocalizado a 2,5 km da Vila Olímpica, o complexo é composto por uma arena principal, dois ginásios poliesportivos anexos, espaços para eventos e um grande terraço. A fachada é revestida com alumínio reciclável. O design ecológico privilegia materiais de construção de origem orgânica, principalmente a madeira que sustenta o telhado e pode ser vista em diversos locais.
"Temos materiais de qualidade para o uso escolar e de clubes, vemos a importância que foi dada ao projeto para a cidade. Não é só a grande arena que é bem feita, mas todo esse equipamento que foi feito para o bairro", destaca Eve Brunelle, da prefeitura de Paris. "A arena permitirá o desenvolvimento desses clubes locais, que terão um desempenho melhor, com a infraestrutura adequada", acrescenta.
"Durante os Jogos, todo o complexo será utilizado. Os ginásios servirão para aquecimento dos atletas e as áreas externas para a infraestrutura de mídia. Mas em dias normais, mesmo quando houver jogo do clube residente na arena ou um show programado, no ginásio haverá os estudantes e os clubes, até dez da noite, sete dias por semana", completa Brunelle.
AcessibilidadeA Arena Porte de la Chapelle é a primeira na França com um selo de acessibilidade. "É a única sala que obteve o selo de acessibilidade. As equipes vieram averiguar que nesse aspecto estamos no mais alto nível. Esse selo permite dizer que a arena será acessível para pessoas com mobilidade reduzida, com dificuldades visuais e de audição, é uma arena acessível universalmente", diz o secretário municipal para mobilidade, transportes, desenvolvimento, ecologização, Jogos Olímpicos e Paralímpicos, Pierre Lombard.
"Para os que têm dificuldade de visão, temos orientação na arena, acentuando os contrastes e os painéis de sinalização com letras bem visíveis. Nos corredores, há faixas de orientação nos rodapés para que possam se localizar", aponta Lombard.
Ao todo, 80% da superfície do edifício será coberta por vegetação, numa paisagem que se integra aos parques e jardins ao redor.
"Sobre este telhado há duas coisas específicas. Atrás de mim, há 6 mil metros quadrados de telhado vegetalizado. A terra já foi colocada, o gramado vai crescer na estação certa, e é um dos maiores que temos em Paris. É uma proeza técnica ter essa quantidade de terra sobre um telhado, o primeiro desse tamanho em Paris", afirma Pierre Rabadan. "Atrás de você, há uma central fotovoltaica para podermos ter um equipamento o mais autônomo possível em energia. Além desse equipamento que está terminado e que vamos inaugurar, é todo um bairro que está em transformação", finaliza.