Copa Africana de Nações começa na Costa do Marfim com 24 seleções concorrendo ao troféu
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A 34ª edição da Copa Africana de Nações (CAN) começa neste sábado (13), na Costa do Marfim. São 24 seleções disputando o troféu, com nomes de peso, como Sadio Mané, do Senegal, Mohammed Salah, do Egito, Achraf Hakimi do Marrocos e Victor Osimhen, da Nigéria, entre outros. O campeonato vai até o dia 11 de fevereiro, o que pode ser um problema para os principais times europeus, que contam com muitos jogadores de destaque vindos da África.
Paloma Varón, da RFI
A jornalista Annie Gasnier, especialista em futebol e apresentadora há mais de dez anos do programa Rádio Foot Internacional, na RFI, conta como as equipes estão lidando com o desfalque de alguns de seus jogadores mais importantes.
"Quando é Eurocopa ou Copa do Mundo, é no fim da temporada (na Europa), então, neste caso, é mais fácil para os clubes liberar os jogadores para irem a estas competições. Mas a CAN chega no meio da temporada, e no momento que é o mais importante. Eu penso, por exemplo, no Liverpool, com Mohamed Salah, que é um dos melhores do time do (técnico) Jürgen Klopp. Klopp outro dia fez uma declaração: 'Boa sorte, Mohamed Salah, mas espero que você volte logo!'. Mas isso significa que o Egito seria eliminado muito cedo", analisa.
Para o ex-jogador cabo-verdiano Marco Soares, entrevistado pelo jornalista Marco Martins, da RFI, os técnicos das equipes europeias estão mais conscientes da importância da CAN.
"Os treinadores começam cada vez mais a respeitar a CAN, que é uma competição tão valiosa como uma Eurocopa, uma Copa América, e tem que ser vista desta forma, porque através da CAN há muitos jogadores que chegam à Europa, jogadores desconhecidos que ganham visibilidade e chegam em grandes competições. Isso é benéfico para a competição, porque é bom ter os melhores jogadores, que estarão lá de corpo e alma, e darão visibilidade também à CAN", afirma.
Senegal e Marrocos favoritasA seleção do Senegal, atual campeã, volta a ser uma das favoritas na competição, segundo Annie Gasnier. "O problema para os Leões da Teranga - Teranga significa 'bem-vindo' no Senegal -, como é conhecida a equipe do Senegal, é que é difícil ganhar duas vezes consecutivas em Copas do Mundo ou Eurocopas. A diferença é que a CAN se disputa a cada dois anos. Então, durante dois anos, teoricamente, o grupo não muda tanto".
"Mas, no caso do Senegal, os jogadores que foram os mais importantes nesta conquista da CAN de 2022, jogam agora na Arábia Saudita, como Sadio Mané, Édouard Mendy, Kalidou Koulibaly, e a gente se pergunta se esses jogadores ainda têm nível", completa Gasnier.
Mas, principalmente, a seleção do Senegal terá de lutar contra outra força emergente: o Marrocos, semifinalista da última Copa do Mundo, em 2022.
"Acho que o verdadeiro favorito da competição é o Marrocos. Primeiro que eles já mostraram, no cenário mundial, que tinham uma equipe muito competitiva, que estão à altura de um grande torneio e, quando chegaram à semifinal da Copa do Mundo - o primeiro país africano a chegar a uma semifinal -, eles falaram: 'Agora temos que vencer a CAN. Então, estão sendo muito aguardados, têm jogadores muito bons, de alto nível, como o Hakimi, que joga aqui no Paris Saint-Germain, e outros que estão em equipes de referência", acentua.
Além de Senegal e Marrocos, há outras seleções candidatas à taça este ano, como o Egito, nação mais vitoriosa do continente, com sete copas, e como o anfitrião Costa do Marfim, país-sede da CAN.
'Os brasileiros da África'Segundo a apresentadora do Rádio Foot Internacional, que conhece bem o futebol africano, o país anfitrião desta Copa Africana, tem muito a ver com o Brasil.
"A Costa do Marfim é um país que ama o futebol. Junto com Gana, são as duas nações africanas que são chamadas de 'os brasileiros da África'. Tinha um jogador muito famoso na Costa do Marfim chamado Laurent Pokou, ele era muito respeitado pelo Pelé. Na época em que o Santos fazia uma grande volta pelos países da África - e o Santos foi famoso por isso -, o Pelé um dia falou: 'Eu estou feliz porque eu encontrei o Laurent Pokou", conta Gasnier. E ela acrescenta que os marfinenses se inspiraram no Brasil para nomear o futsal lá: "o esporte se chama 'futebol Maracanã'".
Copa da alegriaNeste ano, não há nenhum jogador brasileiro jogando na CAN, mas há quatro países lusófonos na competição: Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau e Moçambique.
Para o ex-jogador cabo-verdiano Marco Soares, que participou da CAN em 2021, a expectativa para esta CAN é grande: "Eu acho que acima de tudo é alegria o que se vive na CAN, no momento em que tanto se fala de desgraças pelo mundo;, esperamos que seja uma competição alegre, que passe alegria para toda a gente que esteja envolvida na competição", concluiu.
Mas nem só de alegria vive uma competição. Haverá muita disputa de alto nível. Para Annie Gasnier, o grupo mais difícil desta CAN é o grupo C, que tem Senegal e Camarões, dois times fortes. "E tem a Guiné, que é um bom time e também é vizinha destes países, e também Gâmbia, que é um país pequeno que fica dentro do Senegal. E eles vão jogar contra o Senegal, vai ser um encontro de irmãos. Gâmbia foi a surpresa na última CAN, esta é apenas a segunda vez que disputam a CAN, e da última vez foram até as quartas de final. E os melhores terceiros lugares podem seguir a competição para as oitavas de finais", explica.
O Egito é o país que mais vezes venceu a Copa Africana de Nações, com sete troféus; seguido dos Camarões, com cinco, e de Gana, com quatro copas.