Maria João Tomás: «A solução tem de passar pela criação de dois Estados»
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O Emir do Qatar, Sheikh Tamim bin Hamad Al-Thani, está em visita oficial a França durante dois dias onde se reuniu com o Presidente, Emmanuel Macron.
Um dos temas principais é o cessar-fogo em Gaza, aliás vários actores em torno do conflito entre Israel e a Palestina têm afirmado que a trégua será efectiva em breve e vai durar durante todo o mês muçulmano de jejum do Ramadão que começa a 10 de Março.
O Presidente norte-americano, Joe Biden, assegurou que todas as ofensivas israelitas seriam suspensas durante o Ramadão visto que negociações estavam em curso.
Negociações que decorreram em Paris entre representantes israelitas, norte-americanos, egípcios e qataris.
Um cessar-fogo poderá entrar em vigor, mas os principais actores não estiveram nessas conversas como referiu a professora do ISCTE, Maria João Tomás.
O Hamas e o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, não foram consultados e os acordos estabelecidos por representantes terão de ter a aprovação das duas partes, algo muito instável para Maria João Tomás.
Perante esse cenário de possível cessar-fogo, que teria uma duração limitada no tempo, segundo as informações recolhidas seria apenas durante o ramadão, Maria João Tomás, em entrevista à RFI, afirmou que a única solução seria a criação de dois Estados em que Israel não teria nenhum controlo sobre o território palestiniano e o Hamas não teria mão sobre esse mesmo território.
Maria João Tomás também comentou a iniciativa qatari, sendo que o país do Médio Oriente quer ter mais peso na região e ser o interlocutor privilegiado nesse tipo de conflitos, sabendo que o Qatar acolhe várias responsáveis do Hamas no seu território.
De notar que nesta terça-feira, o Governo da Autoridade Palestiniana apresentou a sua demissão, mantendo-se apenas o Presidente Mahmoud Abbas. Para Maria João Tomás, essa iniciativa poderá ser positiva para colocar pessoas mais consensuais à frente dessa autoridade, inclusive Marwan Barghouti, detido pelos israelitas, mas que poderá ser libertado na troca de prisioneiros entre o Hamas e o Governo de Israel.
No terreno, as forças armadas israelitas estão a ponderar uma ofensiva contra Rafah no Sul da Faixa de Gaza, onde estão cerca de 1,4 milhões de refugiados, mas uma zona considerada como o último bastião do Hamas.
De notar ainda que o cessar-fogo negociado por países mediadores ainda não tem o aval do Hamas e do governo israelita, visto que Israel pede a libertação de todos os reféns, enquanto o Hamas pede a saída das tropas israelitas da Faixa de Gaza.